PCP, Rússia, Diplomatas e o presente: a minha verdade.

 Nos dias que correm muito se têm falado da Rússia, do PCP, dos diplomatas, da não expulsão dos diplomatas em Portugal e da gerigonça. Pensei em não dizer nada mas depois da onda opinativa estereotipada de direita, e de alguma esquerda, a que assistimos não consegui ficar calado.

 Sou um visitante frequente da Rússia, conheço e falo diariamente com vários russos e falo russo e "acho" que isto me dá algum crédito em falar daquilo que concerne à Rússia.

 A Rússia não é a União Soviética mas não deixa de ter o mesmo carisma: apenas Moscovo consegue fazer frente ao eixo Berlim- Londres na Europa!

 O PCP não vê na Rússia uma União Soviética em formato viajante, vê um país que será sempre um peso na balança contrário à NATO, à UE e a grande parte da Europa e não nos esqueçamos que ainda hoje o PC russo é o 2º partido mais votado nas eleições, ou seja, é ainda hoje um dos maiores pilares na internacional comunista.  Ninguém têm ilusões de que Putin é um novo Lenine mas todos temos a esperança que não seja um novo Yeltsin, alguém que criou um caos político no processo de desfragmentação da URSS e criou uma nova casta de milionários que brotaram das privatizações selváticas do início do capitalismo.Não posso deixar de ficar perplexo quando ouço muitos a falarem da mancha que é o dinheiro russo que circula pela Europa quando fomos nós europeus com os nossos políticos, financeiros, técnicos, economistas, bancários e industriais que os criamos.

 E agora falemos dos russos.

 Os russos viajam mais do que nós portugueses, já viveram mais tempo no estrangeiro do que nós portugueses, já fizeram mais negócios no estrangeiro do que nós portugueses, já  trabalham à mais tempo em multinacionais do que nós portugueses, são líderes em diversas do conhecimento à mais tempo do que nós portugueses, já se divorciam e abortam á bem mais tempo do que nós portugueses, por isso é escusado serem tratados como aldeões que nunca saíram da sua toca.

 Uma boa parte da população russa sabe o que se passa "lá fora", sabe o que se diz "lá fora", sabe o que se passa "lá dentro" e o que se diz "lá dentro".Não pensem que acham que Putin é um anjinho, que é o mais democrata dos políticos, que é um Jaime Gama que está no Kremlin, mas acham que ele é inteligente, calculista, leonino mas que irá olhar pelos seus interesses e que não os vai deixar cair na situação de se andar a mendigar por comida devido à inflação galopante ou a um rublo inexistente.

 E agora a Europa...

 É sempre cómico perceber que a Europa que dizia que quem não paga as suas dívidas não têm direito de opinião, que quem é refugiado deve ir morrer longe, eliminar a única forma de estado organizado conhecido na Síria e deixar o poder entregue a uns rebeldes e a uns grupelhos do ISIS, que assiste com gáudio à discussão dos lenços na cabeça, que hoje diga que exista um estado que não defende o mesmo valor que os seus.

 Não sei se o espião foi envenenado pelo FSB, ex-KGB, como todos os países que expulsaram os diplomatas não tenho nenhuma prova cabal de que isso aconteceu. Se por um lado percebo que possa existir a vontade por parte do Kremlin de marcar uma posição junto do Ocidente ao eliminar um espião, e não um comum cidadão como muitos querem fazer passar, também percebo que seria mais fácil e mais calmo fazê-lo simulando um crime, um assalto, uma discussão.

 Percebo que o governo inglês queira passar uma imagem de que afinal os seus parceiros europeus continuam com eles, de que não estão sozinhos no bosque e que tudo continua quase na mesma como dantes!

 Congratulo-me com esta ponderada decisão do nosso governo porque já chegou a Cimeira das Lages e a retificação da independência do Kosovo como exemplos do que o espirito "Maria Vai com as outras".

 A Rússia têm o problema comum a todos os grandes países: quando colocados entre a espada e a parede avançam para a espada!