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Carta aos anti-Trump.

 Caros Anti-Trump, 1999 foi um ano porreiro mas ao contrário do que cantavam os Ramstein nós já não vivemos todos na América.
 
  A América hoje já não é esse indiscutível líder ao nível ideológico social e civilizacional que fora até aos anos 90 e muitos dos opinadores ainda não se aperceberam disso, se nem os norte-americanos que cresceram e viveram toda a sua vida conseguem explicar tudo aquilo que é a "América" o que poderão saber os opinadores europeus?
 
 Por isso, deixem de ser "Nunos Rogeiros" e limitemos-nos aquilo que sabemos e ao que não sabemos e percam tanto tempo a discutir as legislativas portuguesas como perdem tempo a falar da Hillary.
 
 Caso vivesse nos EUA não seria um votante em Trump, o que não me faz um anti-Trump.
 
  Se 30 milhões de norte-americanos (ou 40, ou 50) se vão votar Trump alguma razão forte têm e não me venham com o argumento de que os Americanos são parvos ou idiotas. Os EUA continuam hoje a ser maior potência económica, cientifica,  militar e geopolítica do Mundo logo se eles são parvos e idiotas o que seremos nós?
 
 Trump é um sinal de aviso do que ai virá se os opinadores e as classes pensantes quer da América quer da Europa não perceberem que as pessoas não vão votar em quem é suposto votarem, o candidato que deve ganhar não vai ganhar apenas porque têm de ganhar, as ideias que não devem ser seguidas não vão deixar de ser seguidas porque não devem ser seguidas.
 
 É preciso convocar as pessoas para a atividade cívica concreta e não apenas no Facebook, é preciso lutar pelas coisas em que acreditamos e perceber que em tempos de crise existem muitas tentações para tribalizar a vida do dia-a-dia.
 
 Os americanos não deveriam votar Trump, os franceses não deveriam votar Frente Nacional, os canadianos não deveriam votar Liberal, os austríacos não deveriam votar na extrema-direita e os ingleses deveriam ter votado "Ficar".
 
 Mas não votaram e temos que perceber porque o fizeram e ai vamos descobrir que os problemas da sociedade americana e europeia estão muito longe do Islão e do Burkini e mais próximas de coisas terrenas como emprego e educação comum.
 
 Ao querer reduzir Trump a uma estupidez dos saloios norte-americanos os anti-Trump estão a dar um grande contributo para que nas próximas eleições Trump seja recordado com saudade por ter sido tão brando nas suas propostas em comparação com os candidatos que irão surgir.
 
 Não acreditam? É só ver os debates dentro do seu partido.
 
  Respeitem Trump e interpertem-no, percebam o que é que ele diz que traz confiança a uma parte do eleitorado, ou então preparem-se para assistir coisas bem piores.
 
 Desculpem, mas não resisto a esta provocação:
 
 Da próxima vez que surgir um programa que se caracterize por um tipo cheio de dinheiro a insultar os seus empregados mudem de canal e não lhe achem muita piada ou não comprem os livros em que ele explica como fazer dinheiro, porque toda esta forma de estar de Trump estava nos seus programas que tanto divertiram aqueles que agora o diabolizam.
 
 

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