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Islão e o não-problema religioso.

 Para falar dos atentados de Copenhaga e de Paris, falo da Ucrânia.

 Neste momento combatem no leste da Ucrânia, números muito aleatórios, cerca de 1500 a 3000 pessoas, e não estamos a falar de russos, que se deram como voluntários para o combate quer do lado Ucraniano quer do lado Pró-Russo.  A grande maioria veio da Croácia, Sérvia, Polónia e existem grandes representações da França, Espanha e Alemanha.

 Alguém está a lutar por Alá? Não. Alguém está a lutar para espalhar a sua palavra salvífica? Não.  Alguém está a lutar por alguma causa religiosa? Não.

 Mas  a verdade é que estão a lutar por uma causa, estão dispostos a morrer por algo que parece muito distante da sua realidade e o problema das análises dos ataques a Paris e Copenhaga começa aqui.

 Quando atiramos todas as causas destes atentados para raízes religiosas estamos a negligenciar o verdadeiro problema,  a desagregação das pessoas para com as sociedades europeias em que vivem.

 O problema não se trata do Islão, ou das comunidades islâmicas, ou de qualquer outra religião, recordo aqui as cenas de batalha campal que todos os anos vemos na Irlanda do Norte entre protestantes e católicos aquando das marchas de vitória. As pessoas que estão dispostas a morrer por uma causa não precisam de uma grande causa para o fazer.

 Não perceber que o problema deve ser abordado da forma mais simples e mais básica, a ligação e criação de uma sociedade em que os seus indivíduos querem ser parte da sociedade em vez de a combaterem mas que isso nos levará a um ponto em que teremos de repensar a forma como nos relacionamos e como as instituições sociais, laborais e políticas interagem com a população e a convocação da sociedade para abraçar os seus problemas.

 Como alguém dizia, todos que vão para a América querem ser americanos porque a  América quer que eles sejam americanos.
 

  

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