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Cónego Melo, mais uma achega!

Para quem não esteve lá, aqui vai (retirado do DN):


"...Três décadas volvidas sobre esse Verão que cheirou a pólvora, o então responsável do PCP em Braga, sentado numa sala de reuniões da actual sede, em que há uma tapeçaria com o rosto de Marx proveniente da ex-RDA, recorda para o DN a "horrível sensação da chuva de pedras" sobre a fachada, a partir os vidros da casa solarenga do Campo da Vinha, no domingo 10 de Agosto de 1975, e de ver o edifício a arder na manhã seguinte.
No dia de missa, lembra o dirigente do PCP, antes do almoço já as estações de televisão estrangeiras procuravam o melhor ângulo para filmarem o ataque às instalações - e a ira à solta devastaria ainda a sede do MDP e o mercado do povo (onde eram vendidos produtos de empresas em autogestão).

Apesar das promessas do cónego Eduardo Melo, num ofício timbrado da Vigariaria Episcopal, em que o prelado envolvido com as redes bombistas de direita garantia que a manifestação de apoio ao arcebispo de Braga, D. Francisco Maria da Silva, seria pacífica, nem os jornalistas forasteiros pareciam ter dúvidas acerca do filme do dia. "Por nossa parte, tudo faremos no sentido de que haja ordem e tranquilidade já que, como cristãos, pretendemos o Amor entre os homens", lia--se no convite do cónego para uma reunião, no dia 7, com os partidos."


O fogo alastrou rapidamente e os seus autores não deixariam passar os bombeiros. A sede tinha um quintal amplo, nas traseiras, para onde foi retirada a documentação importante (dos ficheiros à contabilidade), as máquinas de escrever de fabrico leste-alemão ("muito boas"), o frigorífico e o fogão do casal de funcionários que ali morava, a televisão e um rádio portátil.

E esta é a que eu gosto mais por me fazer lembrar um dos que lá esteve de espingarda em riste, Drº Ferreira Capa: 



Mesmo barricados no quintal, os comunistas mantinham as suas pistolas e espingardas para responder a quem ali tentasse entrar. E, como ainda mantinham o telefone, conseguiriam que outras tropas se dirigissem para Braga. Os fuzileiros, dispersando a manifestação com tiros e granadas, encostaram as carrinhas à sede, de onde foi retirado tudo o que tinha sido salvo, e levaram os comunistas para o quartel de Braga, onde António Lopes responsabilizou o comandante pelo sucedido e quase houve fricção entre as fardas e as armas dos fuzos e dos bragantinos.


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